segunda-feira, 6 de abril de 2009

Fisica Quântica, Psicologia, Ciência, Deus e Caileen

Com base nas questões duma amiga minha Caileen, deixo aqui algumas divagações sobre estes tópicos:

Poderá o "entanglement"servir de base para explicar o fenómeno telepático?
(para uma descrição do que é o entanglement, seguir o link para a Wikipedia, em inglês)


É uma ideia promissora, e parece fazer sentido, mas convêm ter algum cuidado:
1º Os fenómenos quânticos só foram observados até agora em partículas sub-atómicas, não sabemos se eles ocorrem no cérebro humano.
2º A telepatia e outros fenómenos paranormais não estão cientificamente provados. Nos anos 50 do séc. passado, acreditava-se que a ciência viria também a abranger tais fenómenos. Tanto a ex-U.R.S.S. como os EUA desenvolveram muitos estudos sobre a matéria, com eventuais aplicações militares. Os primeiros estudos sobre telepatia foram muito promissores, mas uma das bases do método científico é que qualquer experiência possa ser reproduzida com as mesmas condições por outro cientista, em outro lugar e obter os mesmos resultados. Os estudos sobre telepatia nunca passaram esse teste. Se uma universidade vinha com um estudo em que parecia que se provava a existência de telepatia, logo noutra universidade a reprodução do mesmo estudo não dava resultados nenhuns. A dúvida ficou sempre. Os militares perderam o interesse no assunto com o desenvolvimento das telecomunicações e as universidades também. Esses assuntos são considerados pouco respeitáveis pelas universidades e foram ficando de fora.

O que fica é a experiência de cada um, os relatos de casos, mas sem provas científicas.

Uma das razões desse cepticismo é justamente que esses fenómenos, se existirem, desafiam as leis científicas actuais.

A Física quântica, já dá maior abertura, eventualmente, mas aí ainda está tudo por investigar, e há muita especulação sobre o assunto pouco ou nada científica.


Freud e a ideia que os gregos já sabiam mais sobre o ser humano:

Quando Freud começou a estudar os seus pacientes e desenvolver as suas teorias sobre a “psique” humana, considerou que todas as teorias que existiam até à altura sobre psicologia estavam erradas. Para Freud os únicos que tinham tido alguma percepção sobre a mente humana eram alguns artistas clássicos, algumas obras de Arte. Freud baseou todas as suas teorias em obras clássicas como “O Rei Édipo”, uma tragédia grega de Sofocles, bem como obras de Shakespeare e Goethe. Do Édipo veio a sua mais famosa teoria: A de que os filhos estavam condenados a apaixonar-se pelas mães, é desse primeiro amor infantil e da forma como se o resolve que vai depender toda a saúde mental dos adultos. Freud achava que os dramaturgos gregos sabiam mais sobre a mente humana que todos os cientistas da sua época. Freud também achou que tinha descoberto um novo método de investigação tão válido como o método científico propriamente dito: A psicanálise, os relatos dos seus pacientes deitados no divã do seu consultório, sobre o que lhes viesse à cabeça e sobre os seus sonhos.
Freud e os psicanalistas depois dele poderiam achar que esse método era tão válido como a experimentação científica. Mas a maior parte dos cientistas não concorda com essa ideia. Eu também: Já li muitas páginas de psicanálise, e normalmente aquilo que os psicanalistas julgam que provam ou descobrem não é mais do que as suas próprias convicções, tão subjectivas como a opinião de qualquer um. E alguns dos maiores disparates que já li, vieram de psicanalistas muito famosos.
O método científico exige mais do que opiniões, exige experimentação, exige observação repetida e sistemática dos fenómenos que se pretende analisar, exige factos. Daí o seu rigor e a força dos seus argumentos.




Se Deus(es) existe(m) ou não

há milhares de anos que se discute isso e é provável que se vá continuar a discutir nos próximos milhares de anos. Cada um tem a sua opinião. Gosto muito das dissertações de Carl Sagan sobre o assunto. A ciência não pode provar a inexistência de algo que se supõe estar para lá de tudo o que vemos. Einstein disse “ou achamos que nada acontece por milagre no universo, ou achamos que todo o universo é um milagre por si próprio”


Se o escaravelho apareceu ou não no consultório de Jung por acaso:

(a propósito de um caso relatado por Jung, de uma situação em que, enquanto um paciente lhe relatava um sonho que tinha tido com um escaravelho, nesse instante, exactamente um escaravelho entrou pela janela do consultório)

Se foi por acaso, e considerando que aquela espécie de escaravelho era quase inexistente na Europa, terá sido um grande acaso. Não sou matemático para calcular a probabilidade de isso acontecer exactamente no momento em que o paciente relata o seu sonho com o escaravelho a Jung. Mas parece-me que a probabilidade será muito, muito, muito pequena. Tão pequena que duvidamos que tenha sido apenas um acaso. Se não foi acaso, o que ligou aquele escaravelho àquela sala naquele momento? Jung chamou a essas ligações de sincronicidades, segundo ele acontecem por alguma capacidade que a mente humana tem de criar essas ligações. Claro que podemos duvidar do relato de Jung, podemos achar que terá sido apenas uma alucinação sua, um devaneio, uma treta que ele inventou para ver se vendia livros.

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