O nome Marcelo Rivera Moreno não diz nada ao comum dos mortais.
Não é nenhum jogador de futebol, nem estrela do mundo da moda. Não é membro de nenhuma banda pop, nem vedeta de algum programa de Televisão.
Mas quem foi então Marcelo Rivera Moreno?
Marcelo Rivera Moreno foi um professor, cidadão de El Salvador, que um dia resolveu lutar contra um projecto de exploração mineira de ouro e prata no seu país. Temia as consequências ambientais catastróficas para a região, dessa exploração mineira por uma multinacional: a Pacific Rim Mining Corporation. Achava que o uso intensivo de Cianeto, Arsénio, Mercúrio teriam graves consequências para a vida das populações locais, que vivem essencialmente da agricultura de subsistência.
Marcelo Rivera Moreno foi um activista da suspensão desse projecto, criando um movimento das populações locais, em Cabañas.
Em 2009 começou a receber ameaças de morte.
Em Junho de 2009, o seu corpo foi encontrado morto no fundo de um poço, com sinais evidentes de tortura.
Em Dezembro de 2009, mais dois activistas: Ramiro Rivera Gomez e Dora Alicia Recinos Sorto foram encontrados mortos. Dora estava grávida de 8 meses quando foi baleada.
A polícia local atribuíu rapidamente a responsabilidade dos crimes a um gang local de deliquentes e deteve alguns marginais, mas nunca relacionou estas mortes com a empresa multinacional, baseada no Canadá, que pretendia explorar o projecto mineiro: a Pacific Rim Mining Corporation. Apesar dos protestos da Human Rights Watch e muitas outras associações de direitos humanos, que apontaram várias falhas na investigação, o procurador geral de El Salvador recusou sempre reabrir o processo de investigação destes crimes, considerando-os simplesmente uma consequência do alto nível de criminalidade e violência de El Salvador.
Os jornalistas que tentaram investigar a morte de Marcelo Rivera também receberam diversas ameaças de morte.
O movimento contra a exploração mineira, apesar de ser constituído essencialmente por agricultores pobres e analfabetos, não desistiu e conseguiu bloquear a exploração mineira. O projecto foi suspenso.
Corre nos tribunais norte-americanos um processo movido pela Pacific Rim Mining Corporation contra o estado de El Salvador, por violação dos acordos de comércio livre, exigindo 100 milhões de dólares de indemnização.
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